domingo, 31 de julho de 2011

Fernando Teixeira de Andrade

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas... que já tem a forma do nosso corpo... e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares... é o tempo de travessia... e se não ousarmos fazê-la... teremos ficado... para sempre... à margem de nós mesmo."

                                                                                               Professor de Literatura
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Filme A Órfã

"Nunca tive você, mas a sinto.
Nunca falou, mas te ouço.
Nunca te conhecí, mas te amo."

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Família

         
             Algumas vezes disse repetidamente que havia nascido na família errada. Toda a minha história parece tortuosa, como se eu estivesse escrevendo a caneta sobre os desejos e anseios de meus pais que escreveram a lápis. Cada decisão tomada, cada atitude esperada, quase sempre era contrária.
            Eu sou filho de uma mulher que aos 20 anos esperava o seu segundo filho, e tinha um forte desejo de que fosse uma menina para poder "fechar a fábrica" e seguir conforme o planejado. Numa época diferente dos dias atuais onde não se podia escolher ou sequer saber com exatidão o sexo da criança, minha mãe seguindo o seu instinto (que hoje permite piadas internas), preparou um enxoval todo rosa. E todo o resto vocês devem imaginar como foi, e hoje é somente uma história.
            Crescí num ambiente onde religião não era um rótulo que carregávamos.
            - Qual a sua religião?
            - Eu sou crente.
            Não, não era para responder esta pergunta que tínhamos uma religião. Vivíamos de tal modo que esta pergunta se tornava desnecessária, todos sabiam o que éramos. Fosse pelos modos, pelo não uso de algumas palavras, fosse pela roupa, pelos hábitos rotineiros, enfim, éramos crentes, não somente dizíamos que éramos.
            Estou dizendo isto porque nem todos sabem o que é crescer assim, nem todos entendem. Já faz mais ou menos de cinco a sete anos que não freqüento mais a igreja (não como um membro), vou raras vezes como um visitante, para alguns que conseguem entender o que é ser crente respondo: não dá para brincar de ser crente, ou você é, ou não é.
            Sempre me perguntei como seria minha vida se tivesse crescido em outro ambiente, com outra família, ou tido outros ensinamentos. Mas o que poucas vezes fiz foi agradecer por ter crescido debaixo destes ensinamentos, desta educação. Noventa por cento do meu caráter, do que sou, do que considero certo ou errado, de como enxergo o meu próximo, devo a educação que tive. Não sei se sou motivo de orgulho para meus pais, isto somente eles podem responder, mas me orgulho muito hoje da criação que tive.
            Não gostaria de ser nem um pouco diferente da pessoa que hoje sou.

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Tudo o que é sólido pode derreter

"A lua simboliza as aparências, 
os reflexos, a imaginação, o mundo visível.
Mas ela também tem uma face oculta
 um lado eternamente escuro que a gente nunca enxerga
igual aos seres humanos."

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Pai e filho agredidos

              

Fonte: G1

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Lanterna dos Afogados

Quando tá escuro e ninguém te ouve
Quando chega à noite e você pode chorar
Há uma luz no túnel dos desesperados
Há um cais de porto pra quem precisa chegar

Eu tô na lanterna dos afogados
Eu tô te esperando, vê se não vai demorar...

É uma noite longa, pra uma vida curta
Mas já não importa, basta poder te ajudar
E são tantas marcas 
Que já fazem parte do que eu sou agora
Mas ainda sei me virar.


Eu tô na lanterna dos afogados
Eu tô te esperando, vê se não vai demorar...


              

Música: Lanterna dos Afogados
Intérprete: Maria Gadú
Letra: Herbert Vianna
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Morte

            Nunca estive muito próximo da morte, mesmo quando a desejei perto de mim. Eu quis certa vez sentir a sensação de perda, pois eu estava num momento em que não havia nada a se perder. Sim, eu já quis a morte, mas nunca fui corajoso o suficiente para ir até ela. Hoje sei que a morte não trabalha para atender a desejos de tolos pedintes, e isso é tudo que sei.
            Consigo falar sem vergonha que um dia (ou vários), já desejei não estar entre os vivos. Mas ao olhar em volta ví tantos mortos caminhando que percebí que a morte pode ocorrer em vida. Há diversos zumbis a vagar entre os vivos, sem alma, sem esperança, sem futuro, sem destino, sem alguém, sem um porque para continuar. Eles se encontram ligados no piloto automático e muitos por não saber onde vão assim se mantêm.
            Este fim de semana estive em um casamento e ouví o pastor que celebrava a cerimônia dizer: "vocês vão prometer daqui a instantes que serão fiéis um ao outro, que pertencerão um ao outro até que a morte os separem, e isto é muito tempo", ao ouvir estas palavras fiquei pensando. A vida por mais longa que seja ainda será curta para aqueles que amam viver, e se aquelas pessoas que estavam a trocar votos de fidelidade realmente se amam, vão achar curto ou duvidoso o prazo de validade da felicidade, afinal, ninguém sabe quando morrerá.
            Não sei quando me encontrarei com a morte, pois a ví poucas vezes e mal a conheço (perdí poucas pessoas queridas, ou teria sido nenhuma?), o que sei é que quando encontrá-la, se é que este tipo de encontro é possível, não vou resistir, afinal, se estou vivendo como eu quero (um dia de cada vez), então só tenho que dizer:  é... você existe!


P.S.: Desejo vida longa aos noivos que se casaram este fim de semana.

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Oscar Wilde

"Quando os deuses nos querem punir
respondem às nossas preces."

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Solidão

            "Nenhum homem é uma ilha" disse Jhom Donne, um metafísico a muito tempo atrás. E me pego falando às vezes: nenhum homem é uma ilha, mas bem que podia ser.
            Viver sobre um prisma que quase nunca é verdadeiro e sempre tentar chegar a um equilíbrio do que a sociedade julga como normal, torna quase toda a sociedade hipócrita. Todos vivemos a todo instante se policiando com palavras, gestos e muitas vezes até pensamentos, nem sempre fazendo aquilo que achamos certo ou que nos seja mais viável.
            Não é decente andar pelado, não é correto falar mau dos pais, não podemos ser sinceros a todo instante pois temos de pensar nos sentimentos do próximo, não se pode rir em velórios (em nossa cultura), falar contra Deus é sempre blasfêmia, só de se escrever Deus com letra minúscula já pode ser considerado desrespeitoso.
            Queria ser uma ilha... primeiro que não teria com que me preocupar se estou magoando alguém ou não, se estou desrespeitando alguém ou não. Segundo que poderia ficar pelado sem ser considerado tarado ou indecente, poderia arrotar na mesa sem precisar disfarçar, poderia ficar sem trabalhar e não ser vagabundo (aliás nem sentiria esta necessidade), poderia estar inclusive só, sem precisar explicar porque estou só.
            Mas nenhum homem é uma ilha... e vivemos por aí seguindo regras pelo bom convívio, e cada convívio, em cada ambiente vai interferindo em quem somos, como somos, e como sentimos. Estes convívios são suficientemente necessários para criar uma necessidade que nos prende. O homem sempre busca um vínculo onde se sinta satisfeito, feliz, e até mesmo realizado. Seja convívio familiar, no trabalho, na escola, ou em qualquer lugar em que ele esteja inserido.
            Mas quando não há uma identificação dele, ou um reconhecimento do outro, o homem mesmo estando em todos os lugares possíveis, ele pode se sentir só, uma ilha... e este sentimento requer que algo além de um resgate aconteça, requer que o solitário faça o sinal de fumaça.

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Provérbio Popular

"Hoje é o amanhã que tanto nos preocupava ontem."

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Sustentabilidade

            Hoje uma cena hoje me chamou atenção por dois motivos diferentes. De imediato foi uma cena engraçada, mas que em seguida me deixou reflexivo. Eis o que aconteceu...
            Uma mãe se aproximou daquelas lixeiras de reciclagem, e orientou ao filho que jogasse a caixa de todinho no cesto azul, pois a caixa de todinho é de papel e a cesta azul corresponde a papel. A criança que aparentava ter seus 2 aninhos disse: mas mãe eu gosto mais de amarelo. A mãe retrucou dizendo que não se tratava de que cor se gostava, mas sim de qual era o correto a ser feito. E a criança começou a bater o pé dizendo que queria jogar no amarelo. A mãe paciente como poucas que já ví (ou como eu não seria ), disse que não sairiam dalí enquanto ele não jogasse no azul, o que por cansaço a criança acabou fazendo.
            Sempre fui responsável e sempre fiz o certo quando o assunto é sustentabilidade. Em casa separo o lixo, não costumo deixar a mangueira jorrando água por horas, não jogo lixo na rua, etc., mas nunca havia feito com responsabilidade. Sempre fiz porque sempre soube que era o certo a ser feito. Não sei se por egoísmo ou coisa parecida nunca pensei na continuação do planeta sem mim. Aliás, imaginar que a vida segue e tudo mais continua é para mim, meio que uma forma de aceitar minha mortalidade, ou seja, que um dia morrerei.
            Mesmo isto não sendo um fato que ignoro (afinal é claro que sempre soube que morrerei), procuro não pensar em um fim. Vou vivendo e vivendo sem muitos planos ou pretensões. Mas pela primeira vez conseguí enxergar este tal futuro de nosso planeta, e não foi pensando em mim, mas olhando para um menino teimoso que gosta de amarelo.

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Série Californication



"É bem legal falar de finais felizes. Mas se uma pessoa não consegue isso; se só se fode... no  fim, acho que tem que dizer 'foda-se', ou palavras com este efeito."


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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Como uma onda no mar

Música boa que foi discutida em aula de filosofia... pra lembrar e apreciar.



Como uma onda no mar


Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia

Tudo passa, tudo sempre passará.

A vida vem em ondas como um mar

Num indo e vindo infinito.



Tudo o que se vê não é igual ao que agente viu a um segundo

Tudo muda o tempo todo no mundo

Não adianta fugir, nem mentir pra sí mesmo agora

Há tanta vida lá fora, aqui dentro sempre

Como uma onda no mar.


               

Música: Como uma onda no mar
Intéprete: Lulu Santos
Composição: Lulu Santos / Nelson Motta

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O fabuloso destino de Amélie Poulain

            É um filme sorrateiro, que começa monótono e sem pretensões, mas ao assistir você se vê de repentente envolvido na história torcendo pela personagem, sem saber ao certo em que momento o filme ficou bom.


            E assim é este filme, que por ser francês foge do habitual clichê americano e surpreende com o inusitado, incluindo o modo que começa o romance da protagonista.

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Frase Atribuida à Mark Twain


"Quando o único instrumento que você tem é um martelo, 
todo problema que aparece você pensa que é um prego."

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Mente vazia oficina do diabo...

         
            É um ditado antigo, mas fico me perguntando... tem como a mente ficar vazia? Será possível nos abster de tantos pensamentos que involuntariamente nos surgem? Porque mesmo quando dizem que o ócio só nos trás pensamentos de merda e consequentemente ruins, estamos pensando em algo, portanto a mente não está vazia.
            Ouví dizer certa vez que o silêncio é incômodo para aqueles que têm medo de seus próprios pensamentos. E me parece ser o caso de quem acredita neste ditado que é tão velho quanto eu. Eu não sou tão diferente de qualquer um. Penso muitas besteiras e faço muitos questionamentos ao quais não encontro respostas quando estou no ócio.
            Mas a questão é: porque tais pensamentos incomodam tanto? Porque se atribui ao diabo pensamentos e questionamentos que partem de você mesmo? Porque questionar e cogitar pode trazer tantos problemas? Tenho uma resposta para cada pergunta aqui formulada, porém, muitas delas exigem uma saída de uma minoridade* que muitos não querem.
            Sair do piloto automático dos pensamentos onde não é necessário fazer perguntas porque recebemos todos os dias respostas prontas, onde questionar pode ser visto como falta de algo melhor pra fazer... sair deste piloto automático irá te colocar no controle, e o medo reside em um único ponto... qual era o meu trajeto? Pra onde estes questionamentos e a buscas das respostas deles me levarão?
            Por que não descobrir? Boa sorte a todos que tentarem...


* Minoridade: é a incapacidade de fazer uso do seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.

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domingo, 3 de julho de 2011

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"O problema das coisas inesquecíveis, é que você não consegue esquecer, por mais que tente."                                                                                                       
                                                                                        Filme Antes que o mundo acabe

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Humano...

            Você já quis alguma vez na vida não ter sentimentos? Não ter de sentir absolutamente nada? Nem dor, nem frio, nem raiva, nem tristeza, nem medo...
            Os sentimentos são o que nos tornam “humanos”, e é esta capacidade geradora de tantos problemas.
            Nos apegamos a outros mesmo quando não queremos, nos importamos mesmo quando não devemos, e sofremos quase sempre por conta de um outro. Mesmo uma vida solitária se faz solitária por conta de pessoas externas a nós. Queremos ser aprovados, aceitos, acolhidos, notados e reconhecidos. E quando algumas dessas tentativas falham um sentimento surge, e cada um ao seu modo adapta-se a estes sentimentos moldando assim sua personalidade e carácter.
            Sentidos e sentimentos nos movem e nos obrigam a agir, e quando agimos ou interagimos, trocamos sentimentos sem nos dar-mos conta de como afetamos e somos afetados.
            O mal da convivência são os sentimentos envolvidos, e o mal dos sentimentos é exigir uma convivência.

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