quarta-feira, 20 de julho de 2011

Morte

            Nunca estive muito próximo da morte, mesmo quando a desejei perto de mim. Eu quis certa vez sentir a sensação de perda, pois eu estava num momento em que não havia nada a se perder. Sim, eu já quis a morte, mas nunca fui corajoso o suficiente para ir até ela. Hoje sei que a morte não trabalha para atender a desejos de tolos pedintes, e isso é tudo que sei.
            Consigo falar sem vergonha que um dia (ou vários), já desejei não estar entre os vivos. Mas ao olhar em volta ví tantos mortos caminhando que percebí que a morte pode ocorrer em vida. Há diversos zumbis a vagar entre os vivos, sem alma, sem esperança, sem futuro, sem destino, sem alguém, sem um porque para continuar. Eles se encontram ligados no piloto automático e muitos por não saber onde vão assim se mantêm.
            Este fim de semana estive em um casamento e ouví o pastor que celebrava a cerimônia dizer: "vocês vão prometer daqui a instantes que serão fiéis um ao outro, que pertencerão um ao outro até que a morte os separem, e isto é muito tempo", ao ouvir estas palavras fiquei pensando. A vida por mais longa que seja ainda será curta para aqueles que amam viver, e se aquelas pessoas que estavam a trocar votos de fidelidade realmente se amam, vão achar curto ou duvidoso o prazo de validade da felicidade, afinal, ninguém sabe quando morrerá.
            Não sei quando me encontrarei com a morte, pois a ví poucas vezes e mal a conheço (perdí poucas pessoas queridas, ou teria sido nenhuma?), o que sei é que quando encontrá-la, se é que este tipo de encontro é possível, não vou resistir, afinal, se estou vivendo como eu quero (um dia de cada vez), então só tenho que dizer:  é... você existe!


P.S.: Desejo vida longa aos noivos que se casaram este fim de semana.

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Um comentário:

Gabriel Cobain disse...

belo texto tchê... mas o melhor foi o teu 'p.s'! Barbaridade ... tu colocou um certo ar cômico em um assunto tão chato, vamos dizer assim!