Há olhos e olhares que conseguem
dizer frases, contar segredos, transparecer.
Há determinados olhos que possuem
além de palavras, um brilho. Algo do tipo que alguns traduziriam como verdade, felicidade,
ou esperança.
Os olhos, chamados por alguns de “Janela
da Alma”, têm um dom de transparecer a esperança. Já reparou como são
diferentes os olhos de uma criança e de um adulto? Ou como muda o olhar de um
adulto num instante de felicidade?
Os olhos entregam um mentiroso, o
distraído, o triste. Poucos conseguem controlá-los com maestria. Poucos
conseguem fazê-lo mentir. Pode parecer um tanto piegas, ou forçado. Mas eu olho
nos olhos durante uma conversa. E nunca precisei dizer a frase tão clichê: “olha
nos meus olhos”. Até porque, a fuga de um olhar ou um simples desvio, já diz muito.
Não tenho belos olhos. Em meus olhos não há perfeição.
Pelo contrário, há marcas de um passado. Literalmente falando. Mesmo diante de
um espelho não posso traduzir a mim mesmo. Será que meus olhos teriam algo a
dizer que preciso saber? Ainda há esperanças nele? A janela pela qual vejo o
mundo tem me mostrado tudo?
Esta semana fui com meu irmão na faculdade em que ele estuda. Eu estava num ambiente teoricamente reconhecível. Uma universidade. Já estive em uma, o ambiente me é familiar.
Livros, passos apressados de alguns, sorrisos e cochichos de outros. Pessoas vivas, ávidas pelo saber, pelo novo, por mudança, por um futuro. Uma tribo enorme, cheia de divisões intelectuais, tendo em comum o fato de serem estudantes, meros aprendizes.
Fechei os olhos, respirei fundo e busquei na memória boas lembranças, vozes conhecidas... mas só consegui me sentir invisível. Meu irmão estava em sua sala de aula onde fazia uma prova; vim apenas como companhia (ele não gosta de dirigir desacompanhado).
Enquanto eu estava sentado muitos passavam, poucos sequer olhavam. E os que assim fizeram, fizeram com estranheza. Pareço um intruso, e acabo me sentindo como tal.
O ambiente é familiar, mas faltam amigos e uma escada. Será que os alunos pediriam escadas se soubessem o quanto estão perdendo? Não sei... só consigo ficar triste.
Pobres alunos da universidade sem escadas!